Alunos  das  classes  CDE possuem  os  piores resultados  na  avaliação  nacional

Aline Marinho
Foto: Adriano Vizoni-Folhapress
Foto: Adriano Vizoni-Folhapress

A educação brasileira continua a caminhar a passos curtos. Atualmente, o país está entre as piores posições do ranking de conhecimentos básicos da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e passa por momentos de tensão em vários estados, principalmente em São Paulo, com a máfia da merenda, a suposta reorganização mascarada e a desvalorização dos professores que atuam na rede pública.

Box: Renan Monteiro
Box: Renan Monteiro

Além dos problemas básicos, a desigualdade no ensino é outro fator importante e preocupante na educação do Brasil. Um levantamento realizado pelo Mundo Vestibular em parceirinha com a Educa Insights revelou que 7 em cada 10 candidatos com nota alta no Enem fazem parte das classes AB.

Educação desigual

O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), porta de entrada para as universidades brasileiras, divulgou o número da desigualdade de ensino no país. O levantamento feito pelo Mundo Vestibular e pelo Educa Insights, com base nos microdados do Enem 2014, mostrou que os alunos de classes mais baixas – C, D e E – possuem os piores desempenhos na avaliação.

Além disso, o estudo apontou que 94% das notas abaixo dos 450 pontos são de alunos que cursam o Ensino Médio em escolas públicas – o que justifica o país estar entre os piores do mundo no quesito educação.

Fernanda Lapidus Hecht, gestora do Mundo Vestibular, afirma que o levantamento realizado foi motivado pela curiosidade de entender a relação entre as oportunidades que cada estudante tem na vida. Apesar da visível desigualdade de classes, a gestora acredita em uma melhoria na educação do país.

“Infelizmente, essa desigualdade deve continuar existindo por um tempo. Porém, com a crescente democratização do acesso à informação em função da inclusão digital – especialmente por meio de acesso a internet no celular – e da educação a distância, a desigualdade tende a diminuir significativamente com o passar dos anos”, afirmou Fernanda.

Projeções futuras

Apesar de todos os acontecimentos recentes e dos números da desigualdade social, Fernanda acredita que os investimentos na educação básica, até então, são animadores.

“O relatório ‘Education at a Glance’, divulgado pela OCDE no final de 2015, mostrou que o Brasil investiu uma maior fatia do seu PIB (Produto Interno Bruto) na educação básica quando se comparado a outros países. Além disso, foi também o que mais aumentou o investimento na área nos últimos anos”, afirmou Fernanda.

Apesar dos dados da OCDE, a gestora deixa os estudantes em alerta. “Com a incerteza do cenário político atual e com os frequentes cortes no orçamento da Educação, o melhor que o estudante tem a fazer é assumir um protagonismo de seu próprio conhecimento, diminuindo assim, a dependência da escola”, afirmou.

Nunca desistir

A desigualdade social é um fato marcante nas grandes sociedades. Porém, o aluno não pode e nem deve desistir de seus sonhos. Os números divulgados pelo levantamento do Mundo Vestibular são alarmantes, mas cada estudante deve ter consciência de que o aprendizado não depende unicamente das instituições de Ensino.

A cobrança por educação de qualidade deve continuar, pois é um dever do Estado. Mas a busca constante pela plenitude do conhecimento deve partir de cada estudante que busca uma carreira acadêmica de sucesso.

 

 

 

 

 

 

 

 

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