Objetos de demolição ganham destaque em projetos de arquitetura e pequenas obras em imóveis

Folhapress
Foto: Zanone-Fraissat-–-Folhapress
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Nenhuma reforma é totalmente sustentável, mas é possível renovar um ambiente gerando pouco impacto na natureza por meio do reaproveitamento de materiais, do uso de matérias-primas renováveis e da reciclagem dos resíduos da obra.

Garimpar itens em demolidoras e lojas de usados é uma das estratégias de quem deseja fazer uma obra ecologicamente correta.

“O material sustentável é aquele que já existe. O ideal é sempre reutilizar as coisas, respeitando padrões de qualidade e de durabilidade”, afirma Lúcia Pirró, professora de arquitetura do Centro Universitário Belas Artes.

 Bons materiais

Itens de segunda mão podem deixar o resultado final de um projeto ainda melhor, afirma Rodrigo Loeb, da Mindlin Loeb + Dotto Arquitetura, especializada em arquitetura sustentável.

“As madeiras de melhor qualidade são, em geral, oriundas de demolições de casas antigas”, diz Loeb. Foi o que serviu de base para o piso da varanda do apartamento da biomédica Ana Paula Casarini e de seu marido, o médico Daniel Vicaria, em Perdizes – zona oeste de São Paulo.

“Queríamos transformar a varanda em uma espécie de quintal de casa, com plantas e madeira”, conta Casarini.

“A madeira de demolição tem o apelo estético e sustentável, tornando-a ainda mais nobre do que a madeira recém-extraída”, explica a arquiteta Maria Lavínia, responsável pela obra.

 Pontos de atenção

No entanto, é preciso tomar cuidado com materiais reaproveitados, alerta Tatiana Sakuri, arquiteta e professora da USP. “Eles podem estar contaminados por metais pesado e microorganismos, como fungos e parasitas”, afirma a arquiteta.

A preparação do material, que inclui limpeza, alinhamento e tratamento contra pragas, acaba encarecendo o valor do projeto, segundo Lavínia.

 Reforma sustentável

Reaproveitar as estruturas e revestimentos já existentes no imóvel é uma outra forma de poupar a natureza.

“A reforma sustentável é aquela que usa ao máximo o que já existe. Não é preciso ter tudo novo e perfeito”, diz a designer Erika Karpuk, do Estúdio Dekor.

Ela sugere, por exemplo, aplicar revestimentos autoadesivos em móveis, paredes e pisos para dar nova cara aos ambientes e evitar o descarte excessivo de resíduos.

Segundo a designer, repaginar itens antigos é uma tendência: “Tenho visto um grande número de pessoas que querem evitar a retirada de revestimentos. Não só pela questão ecológica, mas porque o processo não é prático ou barato”.

Com as próprias mãos

Para quem não está disposto a gastar muito dinheiro em projetos de reforma sustentáveis, a solução é renovar a casa com as próprias mãos. Sem mexer em estruturas, é claro.

A ajuda para a tarefa pode ser encontrada em blogs e páginas de decoração na internet, que contêm dicas sobre como repaginar os móveis e reutilizar itens que iriam para o lixo – sempre de uma forma econômica.

O “Remobília” – blogremobilia.com -, do casal de designers Patrícia Melo e Vinicius Yagui, é um deles. “Reaproveitar objetos desperta consciência sobre o ciclo do consumo. Além disso, cria uma história para o móvel, que deixa de ser uma peça de mostruário e fica mais interessante”, diz Melo.

O “Estúdio Vira-Lata” -facebook.com/estudioviralata -, da designer paulistana Júlia Dugaich, segue a mesma linha. “Tive a ideia de criar a página quando morei na Austrália, onde as pessoas colocavam lixos ‘bons’ na porta de casa, como sofá e cadeiras, para as outras pessoas pegarem”, conta.

O objetivo dela com a página é fazer as pessoas repensarem o que é, de fato, lixo. “Quero ensinar a dar novos significados a peças obsoletas”, afirma Dugaich.

 

 

 

 

 

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