Alguns homens e mulheres que entrevistei falaram de uma categoria de pessoas que sugam a energia, o tempo e a atenção dos outros, sem dar nada em troca. É um tipo de relação material e emocional sem reciprocidade. Na verdade, elas criam uma reciprocidade negativa, na qual um dos lados sente que dá muito mais do que recebe do outro.

Uma jornalista de 37 anos chamou de vampiros aqueles que só se interessam por si mesmos.

“Tenho uma prima que é tão mesquinha que só de sentar perto dela já me sinto péssima. Eu me sinto vampirizada pelo seu olhar invejoso.” Ela disse que a prima não percebe que vampiriza os outros.

Um professor de 45 anos afirmou que os vampiros são egoístas, invejosos e destrutivos. “Muita gente vive de sugar e de parasitar a vida dos outros. Tenho um colega de trabalho que é tão egocêntrico que só fala dele o tempo todo, das suas conquistas, de seus dramas.”

Os vampiros não têm paciência para escutar os outros, como disse uma advogada de 42 anos:

“Um ex-namorado voltou à minha vida pelo Facebook. Ficávamos horas conversando. Sempre o ouvi com atenção e tentei discutir carinhosamente as suas inúmeras questões existenciais. Ele nunca perguntava nada sobre mim. Era só ele, ele e ele. Comecei a me sentir usada, como se ele roubasse a minha energia.”

Parece que está crescendo o número de pessoas que não têm a menor empatia, curiosidade e interesse pelos outros. Não é por acaso que os que são obrigados a conviver com eles se sentem completamente sugados, exaustos e sem energia. Você já foi vampirizado? Já conseguiu deletar os vampiros da sua vida?

Mirian Goldenberg é antropóloga, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro

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