Da redação

No Brasil, apenas uma em cada quatro pessoas (25%) acredita que homens e mulheres são tratados de modo igualitário no mercado de trabalho. Esse é o resultado da pesquisa “Global attitudes to gender equality”, realizada pela Ipsos e pelo Global Institute for Women’s Leadership, do King’s College London, para o Dia Internacional da Mulher.

O estudo coloca o país em último lugar no ranking que engloba 26 nações e aborda a percepção dos entrevistados sobre desigualdade de gênero no âmbito profissional.

A maioria das pessoas ouvidas em todo o mundo (56%) entende que os dois gêneros não são vistos da mesma maneira nos locais de trabalho de seus países.

Quando perguntados se seus países já fizeram o suficiente para garantir que os direitos de homens e mulheres sejam iguais, os entrevistados brasileiros colocaram – novamente – a nação sul-americana na ponta do ranking. 66% dos ouvidos localmente creem que as ações já tomadas no Brasil não são o bastante. A média global de descontentamento é de 47%.

A pesquisa ainda constatou que a maioria das pessoas (68%) em todo o globo reconhece que os homens devem ser parte ativa na luta para dar às mulheres os mesmos direitos garantidos ao gênero masculino. O porcentual de entendimento brasileiro é o mesmo.

Para 58% de todos os entrevistados no mundo, um caminho para seu país atingir a igualdade de gênero é colocar mais mulheres em cargos de liderança no governo e nas empresas. O Brasil está ligeiramente acima da média global, com 59% afirmando que esta é uma medida necessária.

Piadinhas no corredor

Para 28% da população masculina, contar histórias e fazer piadas de natureza sexual no local de trabalho é uma prática aceitável. As mulheres que veem esse comportamento com naturalidade representam 16% das entrevistadas globalmente.

Entre os ouvidos no Brasil, considerando ambos os gêneros, 20% acham que piadas sexuais são aceitáveis, mesmo no ambiente profissional. Se levarmos em conta apenas a opinião das brasileiras participantes do estudo, são 15%, contra 26% dos homens.

Elogio, interesse ou assédio?

O estudo também avaliou o posicionamento das pessoas a respeito de fazer elogios não-relacionados ao desempenho profissional a um colega de trabalho. 67% de todos os participantes da pesquisa acham que é aceitável elogiar um colega do gênero oposto por sua aparência ou vestimenta. A opinião dos brasileiros é quase a mesma: 65% consideram a prática normal.

O cenário muda levemente quando questionamos os entrevistados sobre elogiar roupas ou aspecto físico de colegas do mesmo sexo. No mundo, 71% consideram que é aceitável. No Brasil, são 68%. Ao compararmos as opiniões dos homens e das mulheres ouvidos no país, nota-se maior resistência masculina em tecer elogiar a outros homens. 61% dos brasileiros está confortável com esse comportamento, contra 73% das brasileiras.

Convidar um colega de trabalho para um encontro romântico é considerado aceitável para mais da metade (52%) dos homens entrevistados globalmente; menos da metade (41%) das mulheres, entretanto, faria o mesmo. No Brasil, a aceitação é de 55% entre os representantes do sexo masculino e de 50% entre as representantes do sexo feminino.

Para 15% dos homens entrevistados, insistir no encontro romântico, mesmo após a colega dizer não, é admissível. Somente 9% das mulheres ouvidas concordam com a afirmativa. Já a tolerância brasileira para esse tipo de comportamento é maior. 26% dos homens acham que é uma prática aceitável, contra 18% das mulheres.

A pesquisa on-line foi realizada em 26 países no período de 24 de janeiro a 7 fevereiro, com 20.204 entrevistados entre 16 e 74 anos. A margem de erro para o Brasil é de 3,5 p.p..

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