Há muitos anos, o ser humano vem se mostrando um tanto egoísta em seus relacionamentos. Seja nas relações amorosas, entre amigos ou familiares, está prevalecendo o ‘eu’ e, com isso, a importância com as emoções daqueles envolvidos no dia a dia está sendo descartada, como algo que não tem valor.

A empatia não está sendo praticada e, dessa forma, a responsabilidade afetiva deixa de ser exercida. Mas o que vem a ser essa responsabilidade afetiva, você sabe qual o seu conceito? Como deve ser praticada?

O Jornal do Trem & Folha do Ônibus conversou com alguns especialistas e vai lhe mostrar o quanto você, caro leitor, é responsável pelo sentimento que desperta em outra pessoa – e como precisa levar esse assunto a sério.

 

Um ser responsável

A responsabilidade afetiva, em um breve conceito, é o cuidado que se deve ter com os sentimentos despertados em outra pessoa.

Segundo a especialista em psicopedagogia clínica e institucional, Fernanda Oliveira, ser responsável afetivamente é levar em consideração não só o sentimento próprio, mas o do outro – o que não se restringe apenas ao relacionamento amoroso, mas também o de amizade e familiar.

“Ser responsável afetivamente não é tarefa fácil, pois é preciso exercer com cuidado e atenção a empatia – que significa a capacidade emocional de enxergar o mundo através dos olhos do outro. O que ocorre é que, geralmente – inclusive quando há boa intenção – acreditamos estar sendo empáticos quando na verdade podemos estar exercendo a empatia espelhada, ou seja, estamos considerando as nossas experiências e sentimentos para avaliar o sentimento alheio”, detalha Fernanda.

 

Com sentimentos, não se brinca

“Não faça com o outro, o que você não gostaria que fizesse com você”. Essa frase retrata o quanto a responsabilidade afetiva deve ser levada a sério nos relacionamentos e porque a transparência – no intuito de não provocar ilusão, promessa e expectativas – é fundamental na condução das relações.

“Não diga que ama, se não ama. Não diga que ligará, se não tem intenção de ligar. Não diga que a pessoa é importante para você, se ela não é. Caso você o faça, seu comportamento, além de apenas conveniente, será manipulatório, egoísta e emocionalmente irresponsável. É preciso ser corajoso para dizer a verdade que precisa ser dita, mesmo que ela, naquele momento, possa magoar”, relata a psicóloga Josie Conti.

Fernanda Oliveira comenta que autoresponsabilidade caminha junto à responsabilidade afetiva alheia. “É imprescindível que os envolvidos sejam responsáveis sobre suas ações e comportamentos, mas também sobre suas próprias expectativas e idealizações. Uma reflexão sobre como recebemos o que o outro nos diz é tão importante quanto a reflexão sobre o quanto estamos respeitando a forma de ver o mundo do outro”, diz.

 

Responsabilidade contínua

A partir do momento que você despertou um sentimento em outra pessoa, precisa saber respeitar as suas emoções. E esse respeito deve se estender, até mesmo, após o fim de um relacionamento.

“É preciso entender que, mesmo uma das partes estando bem, a outra pode estar de luto e sofrendo imensamente por causa do fim. Logo, responsabilidade afetiva é respeitar esse espaço, sentimentos e tempo que a outra pessoa precisa, mesmo que eu não sinta o mesmo”, fala Josie Conti.

Para Fernanda Oliveira, nunca se deve julgar o tamanho da importância que uma pessoa dá a alguma situação, pois só ela pode dizer o quanto isso a impacta.

“Se para você não impactaria saber que seu/sua ex já está em outro relacionamento, não quer dizer que o contrário seja verdadeiro. A sugestão aqui é ser ponderado, respeitoso e mais discreto, enquanto o término ainda é recente. Ao validar o sentimento do outro, nos sentimos melhor para viver novas histórias e contribuímos para o fortalecimento da saúde mental de quem já se relacionou conosco”, ensina.

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