O segundo domingo de agosto se aproxima, muitos filhos ainda correm para comprar o presente para o Dia dos Pais, e muitos progenitores aguardam o momento de celebrar a data. Uma cena perfeitamente descrita para a maioria dos filhos, mas para alguns deles, será apenas um dia qualquer, como os demais vividos durante o ano aonde os pais não estão presentes, seja pelo excesso de trabalho ou de viagens ou porque o divórcio não permite que ocorra um relacionamento mais próximo.

Então, você papai, não poderia inverter a lógica desse Dia dos Pais e se dar como presente para o seu filho? Sim, não se preocupe em receber, mas sim em se doar única e exclusivamente ao seu filho para que o tempo perdido seja recuperado. Vai valer muito a pena, pode ter certeza.

Vínculo valioso

A relação entre pai e filho deve ser construída a cada dia – desde o nascimento – para que se fortaleça e solidifique com o passar dos anos.

Para a psicóloga do Instituto Innove, Vanessa Ximenes, “é a partir da interação entre pai e filho que práticas sociais importantes, como respeito ao próximo e responsabilidade, podem ser ensinadas e aprendidas, sendo passadas de geração em geração”.

A doutora em Educação e diretora da Escola do Bairro na Vila Mariana, Gisela Wajskop, comenta que a figura paterna é de extrema importância porque apresenta ao filho o mundo fora da amamentação, do leite materno, do vínculo com a mãe.

“O pai é uma figura fundamental na personalidade da criança e precisa se descobrir como alguém que se faz necessário na vida do filho”, diz Gisela.

Porque faz falta

A ausência dos pais pode trazer várias consequências no desenvolvimento dos filhos – seja criança ou adolescente – porque em cada fase da vida a figura paterna tem a sua importância.

“Quando o pai se ausenta por grandes períodos, ele consequentemente perderá a evolução e, possivelmente, cada vez que encontrar o filho o verá de uma forma diferente, No entanto, ele não deixa de conhecer o seu filho, na verdade, deixa de reconhecê-lo. E essa ausência pode ocasionar problemas de comportamento, dúvidas, ansiedade e até agressividade”, comenta a psicóloga Laís Suhett, do Instituto Innove.

Para Gisela Wajskop, como a relação entre pai e filho não é dada e, sim, construída, essa ausência pode levar a um vazio, a uma falta. “Quando existe a ausência do pai no cotidiano, os filhos buscam uma explicação porque podem acreditar que se trata de uma rejeição ou abandono e, então, buscam explicações para essas causas”, explica Gisela.

Recuperando o tempo perdido

O filho cresceu, o pai não estava presente no dia a dia e acha que é muito tarde para recuperar o tempo perdido. Muitos pais pensam dessa maneira, mas segundo a professora Gisela, nunca é tarde para reaver o que ficou para trás.

“O pai sempre pode recuperar o tempo perdido e pode começar dizendo para o filho: ‘o papai não sabia que era tão bom ter você como filho, vamos começar uma relação nova?’. Essa recuperação – desde que  seja uma atitude genuína e que venha do fundo do coração – é possível quando o pai se abre para uma relação afetuosa. Quando isso acontece, a recíproca é verdadeira e, então, se pode viver uma relação amorosa, de carinho e respeito”, fala a doutora em Educação.

Um presente da vida

Os filhos são dádivas e, para muitos pais, os melhores presentes que a vida pode trazer. Por isso, a importância de aproveitar cada momento ao lado deles, orientando e educando sempre que necessário.

Para as psicólogas do Insituto Innove, Laís e Vanessa, mesmo em condições adversas, o importante é sempre fazer do tempo disponível com o seu filho, o melhor tempo possível. “Não utilize todo o tempo para fazer cobranças, ofender ou brigar. As regras e os limites são necessários, porém em uma relação cabe muito mais que isso. Cabe afeto, carinho, diálogo. Então, faça programações agradáveis, dê atenção, escute o que seu filho tem a lhe dizer, brinque e faça com que ele se sinta importante e único naquele momento”.

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