Na última quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro definiu o nome do novo procurador-geral da República. Augusto Aras não foi escolhido pelos pares. Havia uma lista de nomes, e ele não estava nela.

Aras já criticou a forma como as investigações da Lava Jato são conduzidas, questionando as delações premiadas.

A escolha de Bolsonaro deixou no ar, claramente, um processo de fritura do ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Porque Moro escolheu para o comando da Polícia Federal uma pessoa que não está sob a batuta de Bolsonaro e contrariou as vontades do presidente.

Agora, o ex-juiz de Curitiba, terá de lidar com a hierarquia e dispensar um funcionário que até então, é considerado exemplar. Se isso não é fritura, não dá pra saber o que é.

Para completar o cenário, na noite da última quarta-feira, 4, uma equipe de seis procuradores da PGR, ligados às investigações da Lava Jato, pediu demissão coletivamente através de um comunicado.

Os procuradores estariam insatisfeitos com a forma como a homologação da delação do empreiteiro Léo Pinheiro chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal).

As denúncias feitas pelo dono da construtora OAS foram levadas em consideração, mas teriam sido “abrandadas” no que toca ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e ao presidente do STF, Dias Toffoli.

Léo Pinheiro declarou que repassou dinheiro para a campanha do irmão do ministro Dias Toffoli, quando ele foi candidato a prefeito no interior de São Paulo.

Tudo isso posto, fica no ar um cheiro forte de “Acordão”. Algo do tipo: desidratamos a Lava Jato, aliaviamos as possíveis irregularidades dos milicianos no Rio de Janeiro, e fica tudo bem – em contrapartida, aprovamos reformas e colocamos o país caminhando de novo.

Seria um remédio amargo a se tomar, para um bem maior? Seria?

É preciso indagar ao povo que votou no presidente, acreditando que ele apoiava o combate à corrupção como meta número zero.

Será que essas pessoas estão satisfeitas com o rumo que as coisas estão tomando nas últimas semanas em Brasília? Será que não dava pra “fazer política” de outro jeito?

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