Há uma semana, o impensável acontecia. Um “fiscal” da prefeitura de Mauá simplesmente resolveu “apreender” o jornal que estava sendo distribuído no terminal municipal de ônibus, perto da estação de trem da cidade.

Decisão tomada por apenas um indivíduo, sem solicitação de algum superior hierárquico? Complicado acreditar. Ainda mais depois de três semanas noticiando aquilo que muitos veículos de imprensa preferiram não contar.

O boletim de ocorrência fala em furto de patrimônio. Mas é inocência diminuir o acontecimento a um “simples” furto.

A questão maior é: que tipo de prefeitura encaminha um fiscal para a apreensão de exemplares daquele veículo que, até então, é o único a denunciar as irregularidades em contratações na área da Saúde Pública?

Nem nos tempos da Ditadura Militar esse tipo de comportamento era considerado “aceitável”.

Homens e mulheres parecem viver anestesiados diante de tudo. O crime e a conduta questionável (no mínimo) tornaram-se tão “comuns” que as pessoas perderam a noção do absurdo.

Numa época onde a liberdade de expressão é garantida pela Constituição, ainda assim, a censura é exercida – muitas vezes como ameaça velada aos jornalistas – outras com métodos de persuasão ainda mais “contundentes”.

O fato é que o roubo de exemplares é mais um dos tristes exemplos brasileiros – num país que é considerado como um dos mais perigosos do mundo para jornalistas.

O Jornal do Trem & Folha do Ônibus tem 22 anos de história. Em todos esse tempo, exerceu sua atividade procurando dar ao ofício a conduta mais correta – sempre procurando as explicações e versões de todos os lados das histórias e denúncias contadas.

Mauá é uma das cidades onde a política é tratada de maneira mais consciente por seus moradores. Talvez por isso, a pessoa responsável pelo “furto” tenha acreditado estar contribuindo para esconder fatos muito relevantes dos cidadãos.

A atitude é um verdadeiro “tiro no pé”. Porque o cidadão pode até ter uma postura menos rígida quanto à investigação dos delitos públicos. E essa é uma percepção inocente de muitos que parecem se iludir com o poder.

Mas o fato é que, ao perceber que a verdade está tentando ser escondida, todo cidadão tende a se preocupar e prestar muito mais atenção nos desdobramentos dos fatos. Seja sobre as denúncias veiculadas, seja referente à postura adotada com os órgãos de imprensa.

Agora, todas as medidas possíveis serão tomadas para que este evento seja esclarecido. E devidamente informado – tanto aos moradores de Mauá, quanto a todos os moradores da região metropolitana de São Paulo.

 

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