Um dos atributos mais instigantes da política é como ela pode ser extremamente volátil e ao mesmo tempo conservar (quase sempre) as mesmas peças no tabuleiro.

Enquanto os cidadãos “comuns” estão preocupados em como fechar o ano e garantir uma lembrança para os filhos, quem vive na política já está com a cabeça em outubro do ano que vem.

Pode parecer longe. Distante. Mas não é.

Todos os dias, eles conversam entre si. Trocam informações nos bastidores, retroalimentam seus egos e definem como será a vida dos brasileiros nos próximos anos.

As movimentações podem ser percebidas facilmente até aos olhos menos atentos. Observar o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) viajando para vários cantos do país, discursando para plateias, e ganhando cada vez mais seguidores é um exemplo típico de pré-campanha.

Hoje, Bolsonaro é considerado o segundo colocado nas pesquisas – num cenário onde o primeiro seria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Aqui entra a palavra volátil mais uma vez. O ex-presidente petista pode ser candidato ou pode não ser – se for condenado em segunda instância pelas denúncias feitas na operação Lava Jato.

Essa “simples” decisão da Justiça pode alterar todo o cenário – e não só na disputa para a Presidência da República. As alianças mudam. Sem contar que a maioria dos eleitores fica sem o seu candidato preferido.

Mesmo na incerteza total, as peças do tabuleiro seguem os movimentos e as análises pausadas dos jogadores.

O ano nem acabou e já teve gente que queimou a largada na disputa (o caso do prefeito de São Paulo, João Doria).

E entre os “players” surge um nome que nos últimos dias vem se tornando “doce na boca de criança”: Henrique Meirelles, o atual Ministro da Fazenda.

Os bons resultados da economia, que se refletem nas pessoas de volta aos centros de consumo, dão corpo ao desejo mais antigo do ministro.

Mesmo que os ajustes fiscais não tenham sido feitos. Que a reforma da previdência tenha virado sonho inatingível, ou que as “emendas parlamentares” – concedidas aos deputados para que a cabeça de Temer não fosse à guilhotina – tenham consumido uma montanha de dinheiro que poderia ter sido direcionada a um bem maior.

Meirelles já foi presidente de banco internacional. É amigo de quase todo mundo. Já comandou o Banco Central no tempo de Lula. Entende da economia e tem respaldo do “mercado”. Entre Lula e Bolsonaro, seria um tipo de “caminho do meio”. E ele nem esconde mais que adora a ideia.

Dos nomes impensáveis, aos velhos conhecidos da República, esse é o cenário que dá o tom na política brasileira: tudo pode mudar em segundos – mas no frigir dos ovos, segue tudo igual.

Leia também