As notícias que pipocam em praticamente todos os meios de comunicação dão conta de uma recuperação econômica.

As informações variam entre o otimismo total e o pessimismo cortante.

Alguns estudiosos apostam numa retomada extremamente lenta.

Outros acompanham o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles e pensam num primeiro semestre de 2018 repleto de alegrias para toda a população – dos investidores aos assalariados.

A indústria automobilística teve um crescimento superando os 20%. A grande maioria desses carros foi destinada à exportação. As outras fábricas tiveram um crescimento muito inferior.

Não se trata de uma alta de produção espalhada por todos os setores.

E a população só reflete essa realidade. O consumo ainda é tímido. Muita gente ainda se sente ameaçada pelo fantasma (bem vivo, aliás) do desemprego.

Os cortes feitos na mesa, refletidos nos números das vendas em supermercados e similares, ainda existem e persistem.

Se o dinheiro voltou, quando voltou, está pingando a conta-gotas. Simplesmente porque os empregos retomados não pagam salários para comemorar a volta à bonança.

O jeito é mesmo, acreditar que 2018 vai melhorar. Pensando nos indicadores do último trimestre isolados é possível ser mais otimista.

A questão mais complicada está no futuro em médio e longo prazo.

O Brasil está colhendo os frutos de um grande tombo, uma bebedeira que está no início da ressaca – bem longe da cura completa (aquela em que a vontade de beber volta).

Para o país cambaleante retomar o fígado, seus cidadãos vão precisar ter força de vontade e encarar a política com olhos diferentes daqueles de quem observa o Carnaval comer solto.  

Entre o otimismo e o pessimismo, a melhor coisa é se manter no realismo. Compreender que o buraco onde o Brasil está é resultado da irresponsabilidade dos governantes, passa por entender também o seu papel como responsável nessa embolada.

O brasileiro não pode mais ter o pensamento de que votar é só uma obrigação insuportável que atrapalha um domingo de outubro.

É preciso se preparar para votar. Exatamente como uma pessoa se prepara para uma prova de vestibular, por exemplo. Não pode levar na brincadeira, no esculacho.

O preço a se pagar por escolhas erradas em 2018 será a continuidade infinita da desigualdade, da pobreza e de todas as chagas daqueles que não encaram suas obrigações com seriedade.

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