A Lava Jato ganhou visibilidade e a credibilidade dos brasileiros, uma vez que analisou e prendeu vários envolvidos nos escândalos de corrupção no Brasil – como o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
Porém, o STF (Supremo Tribunal Federal) tentou enfraquecer a operação ao determinar que os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, ligados a Caixa 2, tornam-se de competência da Justiça Eleitoral. A decisão da corte foi muito criticada por políticos e pela sociedade, pois há o risco dos processos ficarem travados na Justiça Eleitoral e prescreverem.
Mas a resposta aos ministros foi dada à altura nesta quinta-feira, 21, quando agentes da Lava-Jato do Rio de Janeiro prenderam o ex-presidente da República Michel Temer. Também há um mandato de prisão contra Moreira Franco, ex-ministro de Minas e Energia, e Eliseu Padilha, ex-ministro da Casa Civil.
As acusações
Michel Temer responde a vários inquéritos sobre corrupção no âmbito da Lava Jato. Enquanto presidente, algumas denúncias contra ele tramitavam no STF. Após deixar o cargo, os processos foram encaminhados para a primeira instância, pois deixou de ter foro privilegiado.
O juiz Marcelo Bretas, que determinou a prisão de Temer, recebeu e avaliou a denúncia do delator José Antunes Sobrinho, dono da Engevix, que relatou à Polícia Federal ter pago R$ 1 milhão em propina ao coronel João Baptista Lima Filho (amigo de Temer) para que a empresa Eletronuclear tivesse o contrato para a construção de Angra 3. Esse montante teria sido utilizado na campanha presidencial em 2014.
Ainda há informações de que a Procuradoria-Geral da República acredita que a empresa, que tem como sócio o coronel Lima Filho, seja de propriedade de Temer.
O ex-presidente foi denunciado em dezembro do ano passado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, sob acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo informações, existem supostas irregularidades na edição do Decreto dos Portos, assinado por Temer em maio de 2017.
Na família
A filha do ex-presidente, Maristela Temer, é suspeita de lavagem de dinheiro por meio da reforma da própria casa, em, São Paulo.
A obra teria custado cerca de R$ 2 milhões, sendo que R$ 1 milhão, segundo a Polícia Federal, foi pago pelo grupo J&F a pedido de Temer – em forma de propina. Fontes disseram que o dinheiro foi entregue por dois funcionários do grupo, diretamente ao coronel Lima, em setembro de 2014.