Que o tabagismo faz mal, todo mundo sabe. Mas ele precisa ser combatido diariamente

 Aline Marinho
Box: Renan Monteiro
Box: Renan Monteiro

Em casa, nos bares, na faculdade, nas ruas, nas cidades, no planeta. Eles estão em todos os lugares. O número de fumantes ao redor do mundo, apesar da desaceleração do consumo, ainda é muito grande.  A estimativa é que haja cerca de 1 bilhão de usuários espalhados pelos cinco continentes.

O consumo de tabaco é extremamente ofensivo e mata milhares de pessoas todos os anos. O assunto é sério e deve ser discutido todos os dias.

 Por que as pessoas fumam?

Diversos fatores podem levar a pessoa a experimentar o cigarro. Porém, o mais relevante e importante é a questão social. Muitos adolescentes acabam experimentando o cigarro – e até mesmos outras drogas – para começarem a fazer parte de um determinado grupo.

“Os hábitos e estilo de vida são fatores importantes. A educação que as pessoas recebem dentro e fora de casa e o grupo de amigos, principalmente na época da adolescência, promovem a experimentação do tabagismo”, alertou o cardiologista e presidente da Regional ABCDM da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), Rogério Krakauer.

“O adolescente quer mostrar que ele também pode fumar, que ele não é mais criança, que ele cresceu. Em seguida, começa a ter um preenchimento, ele começa a ficar viciado. O fumo começa a preencher determinadas ansiedades”, comentou Rogério.

“O tabagismo é uma doença. A pessoa cria um depósito de nicotina – como se fosse uma caixa d’água que tem que ser preenchida todos os dias”, afirmou a psicóloga e técnica da Fundação do Câncer, Cristina Perez.

Além das questões sociais, Rogério Krakauer alerta para a questão genética. “Já existem indícios de que pessoas tenham predisposição genética ao cigarro por uma alteração no núcleo cerúleo, no cérebro. Os filhos de fumantes podem ter essa alteração, que seria uma modificação no DNA dessa região”, alertou o cardiologista.

 Riscos a saúde

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o tabagismo é a principal causa de morte evitável do mundo, sendo responsável por 63% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis.

Segundo dados disponibilizados pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva), o tabagismo é responsável por 85% das mortes por doença pulmonar crônica – bronquite e enfisema – 30% por diversos tipos de câncer, 25% por doença coronariana – angina e infarto – e 25% por doenças cerebrovasculares.

Fumantes Passivos

Não são apenas os fumantes que sofrem com as consequências do tabaco. As pessoas que estão ao seu redor também são prejudicadas. O fumo mata cerca de seis milhões de seres humanos por ano, cerca de 600 mil mortes por ano são de fumantes passivos

“Embora o risco seja reduzido, as pessoas que fumam de forma passiva também podem ter doenças cardiovasculares e câncer. A partir do momento que ela tem contato com a fumaça, ela já está sendo prejudicada”, afirmou o cardiologista Rogério Krakauer.

Crianças que possuem familiares fumantes precisam ter cuidado redobrado para que não sofram consequências no decorrer da vida.

Ajuda é essencial

Cristina Perez, da Fundação do Câncer, alerta que os fumantes precisam de apoio geral para conseguir deixar o tabagismo. “É um processo complexo. A pessoa não pode dizer que segunda-feira vai parar de fumar, é algo muito maior que isso. O SUS oferece apoio a essas pessoas com a Rede de Tratamento do Tabagismo”, indicou a psicóloga.

Rogério Krauker complementa dizendo que uma avaliação multiprofissional é essencial. “Caso a pessoa possa, ela tem de passar em vários profissionais para que ela tenha sucesso no tratamento. Pneumologista, cardiologista, psicólogo, nutricionista e educador físico são alguns dos que podem auxiliar a pessoa”, concluiu.

 

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