Aquela sensação amarga na boca, como se fosse expelir o alimento, que chega após uma espécie de soluço, é o chamado refluxo gastroesofágico. Isso ocorre quando o ácido do estômago retorna para o esôfago em direção à boca.

É muito comum em bebês, mas quando se trata de adultos, o assunto requer uma atenção especial.

 

Nos ‘pequeninos’

Em recém-nascidos, isso é normal, de acordo com alguns médicos. “O bebê ainda está em formação, então, a válvula que existe na entrada do estômago, que impede a volta do alimento, ainda é frágil. Pode demorar até um ano e meio para se formar”, diz a pediatra do Hospital Sírio Libanês, Cylmara Gargalak Aziz.

Uma das preocupações, segundo a médica, é o engasgamento. “A mãe deve tomar alguns cuidados ao amamentar para evitar que o refluxo faça a criança engasgar. O correto é o bebê ficar sentado a 45 graus”, diz.

 

Atenção ‘grandinhos’

No caso de adultos, o problema chama a atenção. O suco gástrico pode alcançar órgãos do sistema respiratório e gerar graves problemas.

“O organismo não está preparado para sofrer com o suco gástrico”, diz a doutora em endocrinologia da Faculdade de Medicina da USP, Maria Fernanda Barca. “Existe o risco de engasgar e causar uma pneumonia aspirativa, o que é grave”, completa.

Essa pneumonia é uma infecção do pulmão causada pela entrada de líquidos contaminados pelo estômago ou pela boca. Tem que ser tratada imediatamente.

 

Quando atinge os idosos

O refluxo é mais propenso nos mais velhos. A musculatura do diafragma, que separa o tórax do abdome, vai enfraquecendo, não fechando a válvula como deveria, o que libera a entrada do ácido.

“Pessoas obesas também são mais propensas por causa da pressão no abdômen. No tratamento, um dos pontos é fazer o paciente perder essa gordura abdominal”, diz Maria Fernanda.

 

Piora dos sintomas

Alguns tipos de comportamento podem levar ao diagnóstico do refluxo nos bebês, como a recusa das crianças em alimentar-se, sangramento digestivo, dificuldade respiratória, redução do ritmo cardíaco e quando a frequência, a duração e a quantidade de alimentos que retorna são elevadas.

Já nos adultos, os sintomas mais comuns são azia, vômito, rouquidão, tosse, náuseas, dores no peito e dor de garganta.

Um hábito bastante comum é apontado como o estopim para o refluxo. Deitar logo após a refeição aumenta bastante o risco de a pessoa sofrer com a acidez.

“Se a pessoa se alimenta mal e deita em seguida, pode acontecer o refluxo. Por isso, aconselhamos, principalmente os idosos, a se alimentarem duas horas antes de deitar”, explica a endocrinologista.

 

Prevenção

Para que o problema não se desenvolva nos bebês é preciso alguns cuidados básicos como não balançar a criança após a amamentação, colocar roupas que não apertem a barriga dos pequeninos, não amamentar o bebê deitado, evitar a entrada de ar pela boca durante as mamadas e após oferecer o leite, e deixá-lo na posição vertical, no colo, por cerca de 30 minutos.

Tanto para as crianças quanto para os adultos, a dica é colocar um calço de 10 cm na cabeceira da cama para levar a 30 graus.

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