Locar um imóvel em vez de comprá-lo pode ser mais vantajoso financeiramente. Mas, antes de fazer a escolha, é preciso analisar uma série de variáveis.

Para quem já tem o montante suficiente para comprar à vista, o primeiro critério a ser analisado é o tempo de permanência no imóvel.

“Se a pessoa pretende ficar menos do que cinco anos, o aluguel é a melhor escolha, por causa dos altos custos da documentação”, diz Lucas Vargas, diretor-executivo do portal imobiliário VivaReal.

O passo seguinte é a pessoa calcular o quanto conseguiria obter se investisse esse dinheiro em aplicações conservadoras como poupança e CDB em vez de usá-lo na compra. Se os rendimentos forem maiores que o valor do aluguel, pode ser melhor continuar inquilino.

Ponto positivo

A empresária Raquel (nome fictício), deve receber uma herança de R$ 1 milhão até o fim deste ano. Com isso, teria condições de adquirir o apartamento de 120 metros quadrados onde mora, em Higienópolis, na região central de São Paulo.

“Para que vou comprar um imóvel nessa idade se posso ter uma renda extra e viver melhor?”, diz a empresária, que paga, juntando aluguel e condomínio, R$ 3.900 e espera receber cerca de R$ 7.000 por mês com os rendimentos da aplicação da herança.

“Essa é a conta financeira pura, mas também é preciso analisar se a tendência do imóvel é de valorização ou não”, afirma Alberto Ajzental, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.

Imprevistos

A analista de sistemas Ludmila Milochi sempre ouviu dos pais que morar de aluguel era mau negócio. Quando ela e o arquiteto Marcel Bioni ficaram noivos, em 2013, decidiram comprar um apartamento de 85 metros quadrados na planta, em Diadema, na região metropolitana de São Paulo.

Como não tinham o valor para a entrada, precisaram pagar 30% do imóvel em parcelas iguais até março de 2016, quando pegariam as chaves e iniciariam um financiamento. Foi aí que Bioni perdeu o emprego, e os planos foram por água abaixo.

“Como sou pessoa jurídica, não conseguimos o financiamento e tivemos que desfazer o contrato”, conta Milochi. “Percebemos que pagaríamos uma fortuna para o banco, mais que o dobro do valor do imóvel.”

Desde novembro do ano passado, quando se casaram, eles alugam um apartamento de 50 metros quadrados no Jardim Aeroporto, na zona sul da capital paulista. Como o preço do aluguel é quase a metade da parcela que pagariam no financiamento, os dois conseguem economizar a diferença. Hoje, ela vai para a poupança, mas a ideia é investir no Tesouro Direto.

 Questão de tempo

Segundo Mauro Calil, especialista em investimentos do Banco Ourinvest, todo mundo deve ter pelo menos um imóvel em seu nome. Mas isso não significa entrar logo de cara em um financiamento. “O aluguel pode fazer parte da estratégia para conseguir comprar imóvel no futuro em condições melhores.”

Para isso, ele recomenda fazer as contas. Primeiro, estabelecer o prazo do financiamento e calcular quanto o imóvel vai custar até lá, incluindo os juros.

Em seguida, a pessoa deve ver quanto teria de rendimento se aplicasse o valor da entrada e da diferença entre a parcela e o aluguel.

“Se em 15 anos vou pagar R$ 1 milhão por um imóvel de R$ 500 mil no financiamento, devo ver em quanto tempo chego nos R$ 500 mil se investir esse dinheiro”, exemplifica. Se esse prazo for bem inferior, vale seguir no aluguel e aplicar esse valor. Se for quase igual ou maior, melhor ir para o financiamento.

*Folhapress

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