A marcação está cerrada sobre os síndicos. Com novos mecanismos de fiscalização, como aplicativos de celular, há pouca margem para desvios e fraudes. Mas nem tudo pode ser detectado pelos moradores – às vezes é preciso contratar um profissional para avaliar os gastos.

Há duas formas de saber se há irregularidades nas contas de um prédio: analisar a pasta de prestação de contas e o balanço mensal.

A primeira deve conter todas as despesas do condomínio, desde a compra de canetas até de materiais para obras. Pode ser consultada pelos moradores a qualquer hora, na própria administração. Em geral, cada pasta é referente a um mês.

“É importante que ela seja transparente, bem organizada e de fácil leitura e interpretação”, diz Renato Tichauer, presidente da associação de síndicos de São Paulo. “As folhas devem ser numeradas, para que nenhuma página seja arrancada.”

Conselho fiscal

Já o balanço é enviado mensalmente aos moradores, geralmente no próprio boleto do condomínio, e contém um resumo do que foi arrecadado e gasto no período.

Na prática, cabe ao conselho fiscal, composto por cerca de três condôminos escolhidos em assembleia, analisar as contas todo mês. “Eles devem atuar de forma ativa, não só chancelando o que foi feito pelo administrativo”, diz Marina Araújo, professora de compliance do Insper.

Mesmo quem não é do conselho deve participar de assembleias e reuniões para ficar por dentro da vida do prédio. “Quem tiver más intenções pode se aproveitar da omissão da maioria para praticar desvios”, afirma Hubert Gebara, que é vice-presidente do Secovi-SP.

Ajuda externa

Se ainda houver motivo para desconfiança, talvez seja interessante contratar uma empresa especializada e independente para analisar os recibos e contas.

O instituto Pró-Síndico lançou neste mês um serviço gratuito chamado Raio-X do Condomínio, cujo objetivo é analisar a situação financeira e operacional dos prédios.

“Não realizamos uma auditoria, porque não nos aprofundamos muito na análise, mas emitimos um relatório”, diz Dostoiévscki Vieira, diretor da ONG. “Apontamos, por exemplo, se os gastos estão compatíveis com os preços do mercado ou se houve superfaturamento em contratos.”

A inspeção pode durar de uma semana a 40 dias, dependendo da quantidade de papéis do condomínio. Os interessados devem se cadastrar no site do serviço – raioxcondominial.com.br – e anexar alguns documentos. Depois, basta aguardar.

Alternativa opcional

As auditorias independentes são outra alternativa para afastar suspeitas de irregularidades. O trabalho consiste em analisar todas as receitas e despesas, explica Windsor Veiga, professor de ciências contábeis da PUC.

Ele observa, no entanto, que nem sempre os problemas são fruto de más intenções do síndico. “Podem ocorrer equívocos operacionais, não necessariamente corrupção”, diz. “Mas, se houver tentativas de esconder informações, é hora de acender o alerta vermelho.”

Como as auditorias são mais detalhadas, não é preciso realizá-las todo mês. Rubens Carmo Elias Filho, presidente da Aabic (associação de administradoras de condomínio de São Paulo), recomenda que sejam feitas a cada seis meses ou um ano. “Condomínios grandes costumam contratar o serviço antes da assembleia anual para respaldar gastos”, diz.

*Folhapress

Leia também