Com o objetivo de prevenir a violência sexual, diversas mulheres estão encontrando no aplicativo Malalai um aliado para efetuar deslocamentos com mais segurança.

Criado pela arquiteta mineira Priscila Gama, ele oferece informações que ajudam na escolha da melhor rota, além de possibilitar que amigos ou parentes monitorem o trajeto e sejam acionados em caso de emergência.

Por enquanto, a tecnologia só está disponível para Android. O aplicativo ainda está na fase de testes, mas já é bem avaliado. Em fevereiro, o aplicativo deverá estar disponível para iOS e será finalizada a segunda versão para Android.

Uma ajuda para elas

As usuárias do aplicativo têm acesso a um mapa onde é possível consultar informações como iluminação da via, movimentação, existência de ponto comercial aberto, presença de porteiros ou de segurança privada, presença de posto policial e ocorrência anterior de assédio.

“São características muito específicas, que o Google Maps, por exemplo, não informa”, diz Priscila.

Ao mesmo tempo é possível eleger uma companhia virtual para seguir o trajeto, ou seja, uma pessoa que irá receber mensagens informando detalhes do deslocamento até o destino final. Há, na ferramenta, um botão de emergência, que permite pedir socorro de forma ágil. Ao ser acionado, um alerta com a localização é enviado para até três pessoas escolhidas. É possível ainda criar um atalho deste botão na tela inicial do celular, para que se possa recorrer a ele mais rapidamente.

Além do aplicativo

Outra novidade que deverá ser anunciada em breve é o lançamento de um hardware, um colar com um pingente que esconderá um botão de emergência. Inicialmente, 20 usuárias irão recebê-lo gratuitamente.

“Um dos nossos estudos mostrou que mulheres evitam mexer no celular na rua porque acreditam que isso pode atrair violência. Daí a ideia de ter, atrelado ao aplicativo, um dispositivo na forma de uma joia ou um chaveiro. Outras peças poderão ser criadas no futuro”, afirma Priscila. Ela diz que se a meta de R$ 17 mil do financiamento coletivo for superada, a cada R$ 500 extras será doado um colar a uma mulher em situação de vulnerabilidade.

Origem

A ideia do aplicativo surgiu em 2015, quando a organização não governamental Think Olga desenvolveu a campanha #PrimeiroAssédio. O objetivo era estimular as mulheres a contar, nas redes sociais, as agressões que já tivessem sofrido.

“Houve um relato que me chocou muito, que foi o de uma mulher estuprada em um taxi. Ela desmaiou e acordou na rua sentindo dores. Mas ela se lembra de que o taxista desviou da rota e lhe mostrou uma arma. Fiquei pensando que, se alguém estivesse acompanhando o trajeto dela e visse que o carro estava indo em outra direção, a história poderia ter sido diferente”, afirma Priscila.

A arquiteta já começou a formular a proposta de um aplicativo que traga essa possibilidade e que ajude a enfrentar a realidade do assédio sexual no Brasil.

O nome do aplicativo é uma homenagem à paquistanesa Malala, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2014. Ela é conhecida por sua luta em defesa do acesso das mulheres à educação na região de sua terra natal, no nordeste do Paquistão, controlada por talibãs que impedem meninas de frequentar escolas. Quando tinha 11 anos, Malala começou a escrever para veículos ingleses sobre seu cotidiano. Com o aumento de sua popularidade, ela foi alvo de uma tentativa de homicídio, mas sobreviveu. Hoje, aos 20 anos e jurada de morte em seu país, a paquistanesa mora na Inglaterra, onde lidera um movimento internacional pelo direito à educação.

*Agência Brasil

Leia também