Diz o senso comum que introvertidos são tímidos, têm dificuldades de relacionamento e podem até ser inseguros. Pensando assim, profissionais reservados teriam dificuldades de liderar uma equipe, certo? Errado. Segundo Denise Delboni, doutora em administração e professora da FGV (Fundação Getulio Vargas), embora a liderança pressuponha boa capacidade de comunicação, não é necessário ser extrovertido para exercê-la. “É a timidez que afeta a comunicação, não a introspecção. Não é correto associar as duas coisas”, diz.

Ser um bom líder não é algo inerente à personalidade, mas uma competência que pode ser desenvolvida, diz o psicólogo Sigmar Malvezzi, doutor pela Universidade de Lancaster, na Inglaterra, e professor da USP (Universidade de São Paulo).

Bons ouvintes

Para Malvezzi, o problema é que muitos confundem liderança com assertividade. “As pessoas valorizam quem oferece soluções de cara, sem apresentar dúvidas, em vez de se dispor a refletir”, diz. E, em geral, os introspectivos não são enérgicos logo de cara e preferem ouvir, pensar bem e analisar diversos lados de um problema antes de tomar uma decisão.

E para se destacar, um bom líder precisa ser um bom ouvinte, afirma o psicólogo norte-americano Adam Grant, doutor pela Universidade. “Também é preciso saber se adaptar, dosando comunicação eficaz e capacidade de estimular a equipe com atenção e boas perguntas”, diz.

Para Malvezzi, da USP, não adianta tentar “superar” a introversão. “Timidez pode ser vencida, mas ser reservado é algo estrutural, de guardar os impulsos dentro de si.”

*Folhapress

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