Tayonara Géa

A semana no Congresso Nacional começou com a aprovação da Reforma da Previdência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) após 62 dias do envio do texto. Foram várias manobras do Centrão e concessões do governo para que o texto fosse aceito pelos parlamentares e a proposta seguisse para a avaliação de uma comissão especial – primeira instância para discutir o conteúdo no Legislativo.
Ocorre que por trás dos holofotes da reforma estão alguns problemas que merecem atenção – eles revelam a fragilidade do governo e a realidade do cenário econômico do país. Trata-se das críticas de Carlos Bolsonaro ao vice-presidente, Hamilton Mourão, e o número de desempregados no Brasil – em março, as demissões superaram as contratações em 43.196 empregos com carteira assinada.

Para afagar os egos
O governo conseguiu avançar com a proposta da reforma da Previdência na CCJ após várias negociações com os líderes dos partidos. Agora, especula-se que cada deputado que aprovar o texto no Plenário poderá receber R$ 40 milhões em emendas parlamentares até 2022.
Para o cientista político, Leandro Consentino, essas concessões mostram que o presidente está percebendo a necessidade de articular, negociar e conversar para conseguir governar.
“O governo está aprendendo na prática que governar não é simplesmente uma declaração de vontades. É preciso ceder em alguns pontos”, comenta o cientista político.

Na linha de fogo
A relação de Carlos Bolsonaro com o vice Mourão não é uma das melhores, após o filho do presidente postar um vídeo intitulado “General Mourão: o traidor?”.
De acordo com Consentino, esse desentendimento entre Carlos Bolsonaro e Mourão é uma “batida de cabeça entre as alas do governo, que o presidente não sabe como arbitrar, em um cenário que não se mostra favorável ao país”.
“De um lado os simpáticos a Olavo de Carvalho – como a família do presidente – e de outro, os militares e os demais políticos envolvidos. É um desencontro na ‘cozinha’ do Palácio do Planalto. É muito grave de imaginar esse grau de amadorismo no governo diante da situação política e econômica caótica no país”, explica.

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